quinta-feira, 22 de março de 2018

Coisas da natureza - o Meliloto ( antivitamina K) e a Luzerna (vitamina K)







Melilotus é um género botânico pertencente à família Fabaceae ( leguminosa). O melilotus ou trevo amarelo, chamada também de "flor do mel" tem origem em países de clima temperado , como Portugal. Argentina, espanha e Itália, por exemplo, têm grandes produções Com um aroma bem característico a planta Melilotus officinalis, ou simplesmente meliloto, é eficaz no tratamento de problemas circulatórios. A erva também conhecida como trevo-cheiroso nasce às margens de trilhas de forma natural, dando preferência a solos argilosos e salinos. A partir do meliloto ensilado e apodrecido forma-se o dicumarol.  O seu uso na alimentação do gado ocasiona uma doença caracterizada por um sindroma  hemorrágico que pode ser mortal, mas que se cura pela mudança de um alimento por  um outro,   rico  de vitamina k, como a luzerna
    Verificou-se que as hemorragias aconteciam depois do gado pastar em zonas onde abundavam as espécies de Melilotus albus (meliloto-branco) e Melilotus officinalis (meliloto, meliloto-amarelo ou trevo-de-cheiro). Para além disto, também se verificou uma maior incidência de hemorragias internas quando o clima estava mais húmido. Posteriormente, descobriu-se que um clima húmido era propício ao desenvolvimento de certos fungos como Penicillium nigricans e Penicillium jensi e que estes pareciam ser parte integrante da doença. Este fenómeno ficou conhecido como doença do trevo doce (‘sweet clover disease’) e começava a manifestar-se 15 dias após a ingestão de trevo doce infetado, caracterizada por uma diminuição progressiva da capacidade de coagulação, ocorrendo hemorragia interna, que geralmente era fatal, passados 30 a 50 dias.  Entretanto dois médicos veterinários, Schofield e Roderick, descobriram que a doença do trevo doce era reversível se o trevo doce infetado fosse retirado da dieta dos animais ou se os animais doentes fossem transfundidos com sangue fresco.  Posteriormente, Roderick demonstrou que o distúrbio na coagulação se devia a uma redução da atividade da protrombina. O dicumarol actua como antivitamina k pois evita a formação de protrombase no sangue, perdendo  este a propriedade de coagular A partir dessa atividade do dicumarol foi desenvolvido a Varfarina (medicamento sintético). Por isso pacientes que utilizam varfarina  e acenocumarol não podem fazer o uso exagerado  de plantas que contém cumarinas, pois ocorre potencialização do efeito podendo levar a hemorragias graves.                                    O aproveitamento das características medicinais da planta está absolutamente desaconselhado a indivíduos que estejam a tomar medicação anti coagulante, a crianças, lactantes e grávidas.


 A Medicago sativa L., conhecida pelos nomes comuns de luzerna e alfafa, é também uma leguminosa perene, pertencente à família Fabaceae e subfamília Faboideae, amplamente utilizada como alimento para ruminantes em regiões de clima temperado e seco. Parente próxima da  geneticamente modificada alfafa (M. sativa), a luzerna-preta é a sua melhor alternativa, tanto para alimentação do gado como para consumo humano. Originária da Ásia e do norte de África, a Luzerna, também conhecida por Alfafa, é amplamente utilizada na Europa Central.  Os árabes apelidavam-na de "al-fac-facah", o que signifca "pai de todos os alimentos" ou “ o melhor alimento” e era dada aos cavalos, de forma a torná-los mais fortes.  As suas raízes, capazes de absorver nutrientes pouco acessíveis à maioria das plantas, tornam a Luzerna uma das principais forrageiras para produção de feno que se conhece, sendo amplamente cultivada em todo o mundo para este fim. É também empregada na alimentação humana em muitos países e suas flores são muito melíferas.  É rica  em nutrientes, incluindo proteínas, minerais(ferro, cálcio cobre, fósforo, manganês, ferro, zinco, flúor,), pró-vitamina A ,  ácido fólico  e rica em vitamina k
e vitaminas do complexo B,C,D  sendo indicada contra o escorbuto e o raquitismo,  e isoflavonas (especialmente nas sementes). Entre nós, o seu consumo é restrito às dietas vegetarianas e ao consumo dos brotos de sementes germinadas. A literatura etnofarmacológica recomenda que as preparações desta planta não devem ser administradas para pacientes com doenças autoimune, como a artrite reumatoide e, que seja evitado seu uso em doses excessivas porque podem causar a destruição de células vermelhas do sangue As sementes, quando germinadas, são populares, como salada de brotos. A alfafa apresenta propriedades terapêuticas que incluem a redução do colesterol plasmático (saponinas) e atividade estrogénica. Uma possível associação entre alfafa e lúpus eritematoso sistêmico foi descrita e atribuído ao constituinte tóxico canavanina, que é um análogo estrutural da arginina e pode interferir nas funções desta. As ervas desta planta medicinal são altamente nutritivas, boas para a glândula pituitária, hipófise, alcaliniza o corpo rapidamente e desintoxica o fígado. Externamente é utilizada em feridas. É usada como uma erva de banho e óptima para os cabelos. A raiz pode ser descascada, seca e desfiada para ser usada como uma espécie de escova de dentes natural, pois a planta possui propriedades medicinais para combater a halitose (mau-hálito). As flores e as folhas podem ser comidas em forma de salada ou cozidas na panela. O broto pode ser cozinhado e depois comido em forma de legume na salada. A planta, além de ser rica em clorofila e cálcio, possui vitamina C, vitamina K, ácido fólico, e várias outras substâncias. O consumo da erva é considerado muito seguro, porém deve-se evitar ingerir grandes  quantidades de brotos, pois os mesmos contêm alcaloides. A alfafa é explorada comercialmente para a extração de clorofila.

Sem comentários:

Enviar um comentário