terça-feira, 1 de agosto de 2017

Plantas atropinicas - Parassimpatolíticos ou atropínicos ou tropânicos




Semeei em composto 100% biológico (restos, de comida, palha, fezes de galinha, folhas secas  e restos de terra que sobra) , não sei foi o quê...nasceram tomateiros e estes já dão frutos maduros em Julho    -  Os tomates nasceram em vaso.
Reino:Plantae
Divisão:Magnoliophyta
Classe:Magnoliopsida
Ordem:Solanales
Família:Solanaceae
Género:Solanum
Espécie:S. lycopersicum

Ao colher os frutos já vermelhos, perguntei-me - Porque não comemos, em sopa por exemplo as folhas do tomateiro?
Lembrei-me então de ter lido um artigo do biólogo Jorge Paiva sobre " Folk Medicine",  e comecei a lembrar-me que  em  tempos longínquos, O Homo sapiens L.  sabia o que podia comer  por aprendizagem com os outros animais, a  ingerir somente os órgãos das plantas que não são tóxicos. As plantas atropinicas são um bom exemplo deste tipo de aprendizagem.
Os compostos atropinicos são  designados alcaloides (atropinicos ou) tropânicos por terem a estrutura comum bicíclica:tropano-8-metil-8-azabiciclo


 foram isolados doss seguintes géneros/ famílias:

Solanaceae  - família da batateira, beladona tomateiro figueira do inferno etc
Brassicacea (cruciferae) família das couves, nabos, rabanetes
Convolvulaceae - família das corriolas (campanelas ou cucos), batata-doce etc
Dioscoreaceae - família do inhame,  dos tintureiros, da  batata- de -Goa
Erythroxylaceae -família da coca
Euphorbiaceae- família do rícino, purgueira, borracheira
Orchidaceae-
Proteaceae - família do carvalho sedoso, proteas
Rhizophoraceae- família do mangue vermelho



É nas solanáceas que se encontram as plantas com maior teor em alcalóides tropinicos como a hiosciamina, atropina e a escopolamina.
É  uma família a que pertencem muitas plantas alimentares básicas  como a  batateira, tomateiro,  pimenteiro, beringela  e condimentares como o piripiri,  pimenteiro da china e plantas ornamentais como trombeteiras e belas noites, e ainda outras plantas  extremamente toxicas,  ancestralmente utilizadas em fitoterapia como a beladona o meimendro,  mandrágora e plantas alucinogénas como o tabaco, figueira do inferno e charuto do rei.


Estas plantas comestíveis ou não , não produzem ou acumulam estes compostos tóxicos nos mesmos orgãos. Por este facto, comemos os frutos do tomateiro que não tem produtos atropinicos mas não aproveitamos as folhas que acumulam estes compostos. Já os indios secavam as folhas moiam-nas e utilizavam o pó para desparasitar o cabelo e o pelo dos animais domésticos. 
Com a batateira comemos o tubérculo mas não os seus frutos pela mesma razão. 

Muito usadas na bruxaria, na extração de produtos alucinogéneos e ornamentais.


Assim na medicina folclorica ,  o curandeiro as utiliza a seu belo prazer provocando alucinações ou intoxicações, depois trocando por outra planta e elaborando rezas e exorcismos faz desaparecer o mal ( conscientemente posto).

O pó das sementes que tem elevados produtos atropinicos é a Datura stramonium l. conecida como figueira do inferno, erva do diabo, erva das bruchas, erva dos mágicos, castanheiro do diabo responsável pela morte do gado cavalar muito sensível a estes compostos quando a planta esta nos fardos de palha.


Os parassimpatolíticos são ditos atropínicos porque o protótipo do grupo é um alcalóide natural encontrado em um arbusto chamado Atropa belladona: a atropina. Esta era utilizada na Roma antiga a fim de produzir midríase e deixar os olhos das mulheres mais bonitos. A
escopolamina é outro atropínico importante. Trata-se de um alcalóide que está presente no buscopam e que possui emprego clínico como espasmolítico uma vez que relaxa a musculatura lisa. É o único fármaco  Atropínico disponível (OTC)  utilizado no tratamento de náuseas e vômitos e cólicas gatrointestinais e renais.



Parassimpatolíticos ou atropínicos São drogas que bloqueiam o receptor muscarínico e por este motivo também podem ser chamadas de antimuscarínicos. anticolinérgicos, bloqueadores colinérgicos, colinolíticos e bloqueantes parassimpáticos. Os alcalóides naturais como a atropina, escopolamina ( de origem vegetal). São  fármacos que son absorbidos fácilmente e atravessam a barreira hematoencefálica, passam o sistema nervoso central e produzem acções centrais : irritação , ansiedade, nervosismo 
 Como a maior parte dos receptores muscarínicos se encontram na célula efetora do SNP, os efeitos dessas drogas vão ser observados nas estruturas em que o parassimpático tem o tônus preponderante:                                                                            
 1. Glândula de secreção exócrina.                
 2. Coração.
 3. Olho. 
 4. Árvore respiratória. 
 5. Trato gastro-intestinal.
 6. Trato urinário. 
7. SNC. 
8. Temperatura corporal. Obs: regulação da temperatura corporal (gls. sudoríparas) é realizada pelo sistema nervoso simpático colinérgico.




Lineu utilizou o epíteto específico belladonna (em italiano: mulher bela). O nome genérico Atropa foi derivado de Atropos, uma das três Moiras que na mitologia grega controlavam o destino (uma o nascimento, outra o prolongamento da vida, e, finalmente, Atropos, responsável pelo corte do fio da vida, ditava a morte).



                                 A BELA DONA





Reino:Plantae
Divisão:Magnoliophyta
Classe:Magnoliopsida
Subclasse:Magnoliidae
Ordem:Solanales
Família:Solanaceae            
Subfamília:Solanoideae                                       
Tribo:Hyoscyameae
Género:Atropa
Espécie:A. belladon L,
Nomes Vulgares ou comuns ou populares 
 Beladama, erva-midriática erva- moura-furiosa erva envenenada, planta-do-diabo e bagas-do-diabo, tollkirsche (alemão); belladona (espanhol, inglês); belladone (francês); deadly nightshade, dwale (inglês); belladonna (italiano)

A Beladona é uma das plantas mais tóxicas encontradas no hemisfério oriental. 
É uma planta vivaz herbácea da Europa Central e Meridional, Norte de Africa e Ásia Ocidental. Espontânea nos solos calcários e sombrios, nas matas e regiões montanhosas.
A ingestão de apenas uma folha pode ser fatal para um adulto, embora a toxicidade possa variar em função do estado vegetativo da planta, da sua idade e de factores genéticos e ambientais. 
A raiz da planta é geralmente a parte mais tóxica e apesar de todas as partes da planta conterem alcalóides, as bagas constituem o maior perigo por serem atractivas, com a sua aparência negra e brilhante e sabor adocicado, originam acidentes mortais, sobretudo em crianças. A ingestão de quantidades superiores a cinco bagas pode ser fatal para um adulto. 
A toxicidade da beladona resulta da presença de um conjunto de princípios activos distribuídos em concentrações diversas pelas diferentes partes da planta:
Nas partes aéreas — alcalóides tropânicos (0,03-0,06%) (nomeadamente L-hiosciamina (predominante na planta fresca), atropina (predominante na planta seca), norhiosciamina e noratropina), ésteres de escopanol (escopolamina ou hioscina e atroscina) e hidroxicumarina (escopoletol).
Na raiz e rizomas — cumarinas (escopoletol, umbeliferona, hiosciamina, atropina, cuscohigrina, bellaradina).
Para além dos princípios activos atrás apontados, a planta é rica em hiosciamina, atropina, hiescina, escopolamina, piridina, ácido crisotrópico, taninos e amidos.
Devido ao facto de seus frutos, quando ingeridos puros ou na forma de tisanas, provocarem efeitos psicoactivos(alucinações), a planta é utilizada como droga recreativa. 

As partes utilizadas para fins terapêuticos são as Folhas por vezes misturadas com sumidades floridas, que segundo a  Farmacopeia Portuguesa VII  deve conter no mínimo 0,30% de alcalóides tropânicos totais, expressos em L-hiosciamina. Alcalóides secundários dos quais se destaca a escopolamina. Taninos 8 a 9%; flavonoides, cumarina (escopoletol)  e o ácido crisatrópico com interessa na identificação química da planta

Farmacologia - acção parassimpaticolítica : 
  • midriática, 
  • broncodilatadora, 
  • vasocostritora, 
  • fiminui a sudorece
  • antiespamódica digestiva
  • externamente tem efeito analgésico

Principais indicações
Utilizada medicinalmente como dilatador da pupila (em oftalmologia) e como antiespasmódico em cólicas e contraturas musculares, antiasmático e anticolinérgico. Correctamente utilizada em pneumologia é útil no controlo de espasmos bronquiais, embora possa acarrear desidratação das secreções.- .É igualmente substância activa em medicamentos regulamentados pelo Infarmed, nomeadamente em antiespasmódicos utilizados para controlar espasmos da laringe e das cordas vocais e no tratamento de traqueítes.-Na insuficiência cardiaca ligeira pelo seu efeito dromotrópico e cronotrópico positivo
Os extractos de beladona têm sido empregados desde há muito, e com relativo êxito, no tratamento dos sintomas da doença de Parkinson e das síndromes parkinsonianos. A sua utilização ajuda a prevenir efeitos colaterais adversos de outros tratamentos. A beladona também se emprega em gastroenterologia, em doses baixas, como neuroregulador intestinal em casos de colon irritável e de colite ulcerosa.
Em doses moderadas pode servir como analgésico ou como anestesiante.- É também utilizada como matéria prima na composição de um medicamentos homeopáticos, com destaque para aquele que é comercializado com o seu nome comum.


Usos aprovados pela comissão E
-Espamos e cólicas gastrointestinais e biliares

Usos etnomédicos 

-broncoespasmos

-excesso de secreções nasais,s alivares ,gástricas(hipercloridria) e suor

-na obervaçao oftalmotológica
- perturbações neurológicas com espamos e rigidez muscular
- As bagas da beladona foram utilizadas durante séculos no tratamento tradicional de uma variedade de sintomas, incluindo dor de cabeça, sintomas associados à menstruação, úlcera péptica, reacção a histamínicos, inflamação e afecções dolorosas que afectam os movimentos.

Contra-indicações: taquicardia, arritmias, adenoma da prostata, glaucoma , edema agudo do pulmão, estenoses gastrointestinais não usar com antidepressivos tricíclicos

Efeitos secundários e toxicidade:
Os sintomas de envenenamento por beladona são os mesmos que os da atropina, e incluem pupilas dilatadas (midríase acentuada), taquicardia, arritmias, perturbações da consciência com delírio   alucinação, visão desfocada, glaucoma, garganta seca /secura da boca, obstipação e retenção urinária, tremor e rigidez muscular (espasmos, agitação). A pele pode secar. Segue-se coma e morte - Quadro clínico do tipo anticolinérgico. Estes efeitos devem-se há presença em elevadas concentrações dos alcalóides derivados dos tropanos (hiosciamina, atropina, escopolamina) que convertem a beladona numa planta venenosa, capaz de provocar estados de coma ou morte se mal administrada.

 O principal antídoto utilizado é a pilocarpina.


Formas de administração:
Até finais do século XIX, as revistas de medicina ecléctica explicavam como preparar uma tintura de beladona para administração directa aos pacientes:

Pó de beladadona titulado: dose usual 50 a 100mg por dia

Doses máximas 100g por toma, 300mg dia

Os preparados homeopáticos de beladona são vendidos como tratamentos para várias enfermidades. Embora alguns autores afirmem que não há evidência científica que comprove a sua eficácia clínica na concentração 30 C, sua eficácia pode ser verificada em outras concentrações. 
Devido á reduzida Margem terapêutica desaconselha-se a prescrição directa das folhas sem controlo efectivo do seu conteúdo em alcalóides


                                                       Belas mas perigosas





por LLSRA
Bibliografia consultada entre outras
-Farmacopeia Portuguesa VII, Vol.1,pg 856-858 (2002)
.Fernandes Costa, Farmacognosia, Vol II, Ed. Fundação C. Gulbenkian, pg 452-465 (1967)
- Alonso,J.R. Tratado de Fitoterapia, bases clínicas e farmacológicas, ed, IRIS pg 299-305 (1998)
-PDR for HERBAL MEDICIN, 2ª. ED medicinal economics company. pg 69-71 (2000)
-https://pt.slideshare.net/JooFerreira73/atropa-belladona-beladona
-www.medicinacomplementar.com.br/biblioteca/pdfs/Fitoterapia/fi-0444.pdf
-ranieralph.weebly.com/uploads/3/1/9/3/.../aula15-parassimpatoliticos-atropnico.pdf
-http://ranieralph.weebly.com/uploads/3/1/9/3/3193594/aula15-parassimpatoliticos-atropnico.pdf
-http://farmacognosia-febac.blogspot.pt/2014/12/alcaloide-tropanicos.html
-http://www.sbfgnosia.org.br/Ensino/drogas_com_alcaloides.html

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